CINEMA PARA DESAPRENDER: “ESCREVENDO OUTROS MOVIMENTOS” DENTRO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

O projeto de extensão Cinema para Aprender e Desaprender (CINEAD) da Escola de Cinema do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp UFRJ), criado por Adriana Fresquet em 2008, faz parte das atividades de ensino, pesquisa e extensão no Laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual (LECAV) da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FE-UFRJ). Nele, investigam-se as possibilidades e questionam-se as aprendizagens à partir da experiência de fazer cinema em instituições públicas de educação, através da a interação entre universidade pública e educação básica. A principal proposta deste projeto é proporcionar uma experiência de introdução ao cinema no espaço escolar como forma de abrir um outro espaço de enunciação e principalmente, de criação de exercícios e ensaios visuais, com inspiração sempre no cinema como fonte. Espera-se que as experimentações levem a outros caminhos, saberes e vivências, pois elas mobilizam os participantes a criarem produções imagéticas que também ativam desejos, sentidos e afetos dentro de um espaço que lhes é cotidiano. Os alunos são convidados a desenvolverem outras formas de perceber a realidade pois as ações solicitam ao intelecto e ao corpo novas maneiras de se portar e circular e no espaço. A liberdade de criação e escolha é fundamental como processo gerador de interesse para os alunos. Estes passam por meio da produção audiovisual a ressignificar e a (re)descobrir outras possibilidades estéticas para os espaços e indivíduos que outrora havia sido banalizados. Para isso aplica-se uma grande parte do tempo na realização de propostas de filmagem em áreas comuns do colégio, fora do espaço formal da sala. Fragmentos de curta-metragens são sempre utilizados como aspecto sensibilizador das propostas a serem realizadas. O cinema que adentra o espaço escolar é entendido enquanto experimentação artística, ou seja, se dá pelo viés da realização, reflexão e alteridade envolvendo os diversos sujeitos envolvidos em sua execução. Nesse sentido, a câmera atua como um filtro, um modo de lançar um olhar diferenciado sobre o espaço familiar, um olhar crítico e criativo, sobre si, o outro e o mundo. Prestes a completar dez anos o projeto e suas inúmeras turmas ao longo desses anos são uma prova viva da necessidade de espaços para experimentação artística eletiva para o ensino básico para um desenvolvimento ampliado da potência poética e humanista tanto dos estudantes do ensino básico quanto aos alunos de graduação e pós-graduação que atuam nesta proposta. Assim, a comunicação se propõe a abordar de forma aprofundada essa experiência e dialogar com os saberes e as linhas de força e de fuga que perpassam o espaço escolar, em meio a relação com a universidade